segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

A história do projeto...

A motivação inicial para a realização do Projeto “O Folguedo do Reisado de Baturité” deve-se primeiramente à busca permanente do CEJA Donaninha Arruda em inserir no seu currículo temas que contribuam para a reconstrução da nossa identidade cultural reforçando os laços simbólicos de nossa cultura.
Em seguida, pela constatação de que a prática do Reisado em Baturité faz parte de sua tradição histórica e por isso mesmo, é carregada de muita vitalidade.
Com a realização do projeto exercitamos a multiplicidade de olhares do aluno e comunidade envolvidos, valorizando a importância dos fazeres folclóricos locais como primeiro espaço de ensino aprendizagem e atuação social. Dessa forma, exercitamos sua cidadania a partir de compreensão sistêmica de que são parte de um todo, ou seja, partindo de sua cultura e interpretando-os como cidadãos do mundo. Assim, a realização do projeto contribuiu para dar amplitude ao olhar do participante, compreendendo que sua singularidade é uma riqueza, situando-o como produtor de cultura, convidando-o a conectar-se com outros lugares do planeta.
Nessa visão, demos início a construção coletiva do projeto, com a participação dos professores das três áreas do conhecimento, funcionários, alunos, ex-alunos, pais, integrantes do grupo de teatro da escola e demais representantes da comunidade, que juntos conduziram todo o processo de desenvolvimento do projeto. Enriquecemos o trabalho com aulas teóricas e práticas dos mestres de cultura do município, realizando um verdadeiro levantamento antropológico do folguedo principalmente, através da história oral. Registramos o enredo do folguedo para depois vivenciá-lo. Percebemos então, que o reisado ainda está incorporado na memória dos mais velhos que se tornaram co-atores e contribuíram para a realização do evento.
Com isso conseguimos despertar a curiosidade dos alunos que não conheciam o folguedo e o interesse dos que já conheciam, motivando-os novamente para que fosse vivenciado por todos com todo o seu esplendor, divulgando essa tradição cultural do município.
A partir de então, organizamos rodas de conversa com os mestres da cultura; diversas oficinas, em que exercitamos valores como respeito e solidariedade já que eram um grupo bastante eclético e todos deveriam ser ouvidos, gerando atividades riquíssimas em troca de experiências e ensino-aprendizagem. Na oficina de dança e canto, para aperfeiçoamento e percepção do ritmo comum e da noção de conjunto. Na oficina de cordel, com a produção de versos pelos alunos, enriquecendo os já existentes pelas gerações anteriores. Nas oficinas de artes visuais, enfatizando o cuidado com o planeta terra, foram trabalhadas diversas formas de utilização de materiais de sucata existentes na escola e/ou trazidos pelos participantes na construção dos personagens do folguedo (boi, burrinha, ema, velha...), mostrando que “o lixo” pode também ser transformado em obra de arte. Nas oficinas de figurino, também com o senso de reutilização, os participantes produziram as peças do vestuário com a participação de todos, inclusive dos pais. A escola foi então se transformando em um espaço vigoroso onde alunos, professores e toda a comunidade estiveram presentes direta ou indiretamente na construção do projeto.
Outro ponto importante foi à divulgação do projeto nos principais espaços de mídia do município, possibilitando aos participantes o desenvolvimento de suas habilidades comunicativas, despertando na comunidade o desejo de conhecer ou reviver sua cultura, sua história.
Assim, no dia 31 de agosto de 2006, na praça em frente à escola, o projeto atingiu sua culminância, atraindo uma quantidade enorme de espectadores entusiasmados, de todas as idades que puderam vivenciar um espetáculo de rara beleza promovido pelo grupo de teatro “Espetáculos da Vida” e os mestres de cultura do município que apresentaram “O Reisado de Baturité”, contribuindo para a reconstrução da nossa identidade cultural.

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