sábado, 18 de abril de 2009

O reisado vai à Câmara!


O CEJA Donaninha Arruda - Diretora, Professores, Alunos, Mestres de Cultura - esteve no dia 02 de março na Câmara dos Vereadores de Baturité para apresentar aos Vereadores da casa e ao povo, o projeto "O Folguedo do Reisado em Baturité".


As educadoras Aureni (CREDE 8ª), Glícia Lima, Regina Castro, Irecê Fernandes, Cleône Moura e a mestre de cultura Célia Torres (da dir. p/esq.).

O projeto surgiu da iniciativa dos professores das Áreas de Linguagens e Códigos e Ciências Humanas com o objetivo de dar visibilidade ao Patrimônio Imaterial do nosso município, já que esse patrimônio encontra - se adormecido em detrimento às culturas de massa.
Como enfatiza a profa. Glícia Lima, uma das Coordenadoras do projeto em sua fala de apresentação: “são lindos os prédios como o Palácio entre Rios - Prefeitura, o Casarão dos Ramos - Fórum, mas é lindo o patrimônio imaterial, essa força que surge do povo e que está no olhar, na expressão, no canto, na dança, muitas vezes sem nenhuma condição material ".

E é um direito de todos conhecerem e compreender a cultura como construção social já que ela é tudo o que se reza, tudo o que se come e antes que ela seja destruída provocando a perda da nossa identidade.Esse é um dos objetivos do CEJA Donaninha Arruda : inserir no seu currículo temas que contribuam para a reconstrução da nossa identidade, reforçando os laços simbólicos da nossa cultura. Afinal, quem somos nós sem a nossa identidade cultural? Um povo sem voz e, portanto, sem a sua expressividade, sem a sua arte, alimento da alma.

Em rodas de diálogo entre os mestres da cultura, professores, alunos, pais de alunos e comunidade, percebemos claramente o vigor do folguedo do reisado e de como apesar de estar adormecido está fortemente presente nas reminiscências dessas pessoas.
“Todos possuem dentro de si um bumba meu boi que dança para alegrar a vida”. Dessa constatação surgiu a necessidade de pesquisar nas aulas de campo, na conversa com as pessoas mais velhas da comunidade, momento em que fizemos um levantamento antropológico do folguedo. Tudo isso, junto ao entusiasmo das pessoas jovens e adultas que começaram a se interessar e a querer vivenciá - lo. Um verdadeiro exemplo da conexão entre passado e presente. Esse foi então um momento mágico do projeto: começaram a surgir as oficinas em que vários materiais doados eram reciclados para a construção dos personagens como o boi, a ema, a nega, a burrinha e outros.

Podemos então perceber a dimensão que o projeto alcançou, da sua criação as noções de sustentabilidade do planeta como a reutilização de materiais de sucata transformados em expressões artísticas, desenvolvendo a capacidade estética dos nossos educandos. Os ensaios eram realizados à noite, envolvendo a todos como o núcleo gestor da escola, professores, alunos, pais, mestres da cultura, em uma sede emprestada já que não havia espaço na própria escola. Nesse momento estava acontecendo a troca de saberes entre o científico e o popular.

No dia 31 de agosto de 2006, reunimos na Praça do Salgado, em frente à escola um público de aproximadamente mil pessoas de todas as idades, crianças, jovens e adultos e todas as condições sociais para a primeira edição do folguedo. E foi incrivel perceber o brilho nos olhos das pessoas que ali estavam, expectadores emocionados com a apresentação. O projeto continua aceso e em 2008/2009 obteve o primeiro lugar na categoria EJA - Educação de Jovens e Adultos - Prêmio Construindo a Nação / Instituto Cidadania Brasil/ SESI Ceará. A outorga do Prêmio acontecerá no dia 14 de abril, às 15h na Casa da Indústria, em Fortaleza.
O que nos deixa realizados é sabermos que através de um trabalho que é construído coletivamente entre os Protagonistas que são os Professores; Grupo de teatro da escola: Espetáculos da Vida e Mestres da cultura, juntamente as nossas parcerias que são imprescindíveis, conseguimos mostrar a boniteza de ser gente nordestina e brasileira.




E o que é bonito tem que ser mostrado e reverenciado. O público presente ouviu atentamente a apresentação. No depoimento a Mestre de Cultura, Célia Torres, expressou o significado que o projeto trouxe para a comunidade, trazendo à tona as preciosidades de sua infância, a importância de trabalhar nesse projeto, podendo reviver o folguedo do reisado, mostrando - se, portanto, necessário para as gerações passadas, presentes e futuras.
O CEJA atingiu mais um de seus objetivos que é levar ao conhecimento da sociedade civil, o conhecimento dos nossos valores culturais. O CEJA aproveitou a oportunidade para pedir apoio a Câmara dos Vereadores para a sua continuidade. Alguns vereadores, entre eles, o Presidente da Câmara, Francisco Mendes dos Santos, que tem raízes populares, aplaudiu,agradeceu a iniciativa da escola. O vereador Juarez Garcia de Oliveira manifestou - se dizendo que realmente na sua infância o reisado fazia parte das programações do seu lugar, as Flores, mas que agora dificilmente se ouvia falar, daí a importância do projeto. E o Vereador Alexandre Barros Neto parabenizou a escola e enfatizou que no ano anterior, a escola esteve presente na Câmara também para divulgar o primeiro lugar no mesmo prêmio Construindo a Nação com outro projeto: o “Pássaro Livre”. E isso é muito importante para a nossa escola e para a cidade.


Profa. Regina Castro - Equipe de Coordenação do Projeto

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